A importância da arquitetura integrada à engenharia para o sucesso dos projetos executivos
Projeto de captação e utilização de águas pluviais
Veja o conteúdo deste post
- O papel da arquitetura e dos projetos complementares
- Por que a arquitetura precisa estar bem definida?
- Principais benefícios dessa integração entre arquitetura e engenharia
- Critérios para uma boa definição arquitetônica
- Estudo de caso: Cozinha do Resort de Comandatuba
- Estudo de caso: Empreendimento Residencial
- Tendências do setor: BIM e a Arquitetura Integrada
Introdução
Na construção civil, é comum associar o projeto arquitetônico às primeiras imagens que surgem: fachadas modernas, ambientes bem distribuídos, estética inovadora. Mas, por trás dessa “primeira camada”, existe um conjunto de projetos técnicos essenciais para transformar ideias em realidade de forma segura, viável e econômica: os projetos complementares.
Para que esses projetos possam cumprir seu papel com eficiência, a arquitetura precisa ser bem discutida desde o início. Essa relação direta entre clareza arquitetônica e qualidade dos projetos complementares é o que garante o sucesso da obra.
O papel da arquitetura integrada e dos projetos complementares
O projeto arquitetônico organiza espaços, define dimensões, materiais e estabelece diretrizes que servirão como referência para toda a equipe técnica. Já os projetos complementares — estrutural, elétrico, hidráulico, climatização, prevenção contra incêndio, entre outros — traduzem essa arquitetura em soluções técnicas aplicáveis no canteiro de obras.
Em outras palavras: a arquitetura é o alicerce conceitual, e os projetos complementares é a engenharia que faz o empreendimento ficar de pé, funcional e confortável para os usuários.
Por que a arquitetura precisa estar bem definida?
Projetos complementares dependem de informações claras e consolidadas da arquitetura. Alterações constantes nessa base podem gerar incompatibilidades, retrabalhos, atrasos e custos adicionais para o empreendedor. Por outro lado, quando a arquitetura é consistente, os projetistas complementares conseguem desenvolver soluções otimizadas, integradas e alinhadas com as necessidades da obra.
Principais benefícios dessa integração entre arquitetura e engenharia
1) Redução de conflitos entre disciplinas
- Arquitetura pouco detalhada pode gerar interferências, como pilares ou vigas bloqueando acessos, ou instalações reduzindo a altura de forros, ou mochetas/shafts reduzindo ambientes que já são pequenos ou até mesmo acessos em corredores. Com a arquitetura consolidada, esses conflitos são previstos e resolvidos em projeto, evitando improvisos na obra.

Imagem: Conflito de pilar do mezanino distribuído em cima da porta. | Fonte: Autor
2) Maior eficiência na execução
- Rotas técnicas (shafts, lajes técnicas, casas de máquinas) são planejadas de forma ordenada, otimizando a ocupação de espaços. Isso reduz cortes ou furos inesperados em lajes e paredes, acelerando a obra e diminuindo o retrabalho e custos.
3) Controle de custos
- Mudanças durante a execução elevam gastos com mão de obra, materiais e prazos.
- Com a arquitetura definida em conjunto dos complementares, evita-se redesenhos e desperdícios.
4) Agilidade nos prazos
- Menos idas e vindas entre cliente e equipe de projetos.
- Os complementares podem ser desenvolvidos em paralelo, garantindo que a obra inicie no prazo.
5) Segurança e conformidade normativa
- Arquitetura bem planejada já incorpora requisitos legais (acessibilidade, rotas de fuga, prevenção contra incêndios).
- Isso facilita o trabalho técnico e evita adaptações improvisadas.

Imagem: NBR 6492 de 16/06/2021 | Fonte: BFS Engenharia
6) Valorização do empreendimento:
- Integração entre arquitetura e complementares resulta em edificações mais eficientes, confortáveis e duráveis.
- Sistemas de climatização silenciosos, instalações dimensionadas corretamente e drenagem eficiente são exemplos de ganhos perceptíveis para os usuários.
Critérios para uma boa definição arquitetônica
Para que os projetos complementares sejam desenvolvidos de forma eficiente e integrada, é fundamental que a arquitetura apresente uma base sólida e bem estruturada. Alguns critérios são essenciais nesse processo:
1) Clareza e detalhamento nos desenhos
Uma arquitetura bem definida deve apresentar plantas, cortes e elevações com alto nível de detalhamento. Quanto mais precisas forem as informações — como cotas, níveis, materiais e dimensões —, menores são as chances de dúvidas ou interpretações divergentes durante o desenvolvimento dos projetos complementares.
2) Compatibilidade com normas técnicas e legislações locais
A observância das normas da ABNT, legislações municipais e exigências específicas (como acessibilidade e prevenção contra incêndios) garante que os projetos complementares possam ser elaborados dentro dos parâmetros legais, evitando revisões e atrasos por não conformidade.
3) Consideração dos aspectos funcionais e operacionais
Além da estética, o projeto arquitetônico deve levar em conta o uso prático dos espaços. Circulações, acessos, áreas de manutenção e fluxos de operação precisam ser pensados desde o início, pois influenciam diretamente as soluções de elétrica, hidráulica, climatização e automação.
4) Antecipação de espaços técnicos
Prever shafts, casas de máquinas, lajes técnicas e passagens de infraestrutura é uma das chaves para evitar conflitos entre disciplinas. Quando esses espaços são reservados ainda na fase arquitetônica, os projetistas complementares conseguem planejar rotas de instalações com maior eficiência e sem improvisos.
5) Comunicação constante entre arquitetos e projetistas complementares
A troca contínua de informações entre as equipes é o que garante um resultado realmente integrado. Reuniões de compatibilização e o uso de ferramentas colaborativas, como o BIM, permitem ajustes em tempo real e reduzem retrabalhos, promovendo maior sinergia entre as especialidades envolvidas.
Estudo de caso: Cozinha do Transamérica Resort
Um bom exemplo de como uma arquitetura bem desenvolvida impacta diretamente nos projetos, temos um exemplo da BFS Engenharia, que elaborou os projetos da cozinha do Transamérica Resort, com cerca de 1.200m², em conjunto com a Studio Ino, escritório de referência no segmento de cozinhas profissionais, que foi responsável pelo projeto arquitetônico.

Imagem: Layout do Resort Transamérica. | Fonte: Studio Ino.
Com uma arquitetura extremamente detalhada, o Studio Ino especificou todos os equipamentos da cozinha, suas dimensões e localizações, garantindo um layout funcional e técnico muito bem definido. Essa precisão facilitou o desenvolvimento dos projetos complementares. O projeto elétrico, por exemplo, pôde ser elaborado com base nas cargas reais de cada equipamento, sem necessidade de estimativas ou ajustes posteriores. Mas o trabalho integrado desde as fases iniciais permitiu adaptações de espaços para que fosse possível executar as instalações e também permitir manutenção futura.
O projeto, iniciado no começo de 2025, demonstra como uma arquitetura clara e bem estruturada permite o desenvolvimento de soluções complementares precisas e integradas, reduzindo incertezas e evitando retrabalhos durante a execução da obra.

Imagem: Plantas baixas e lista de equipamentos do projeto arquitetônico do Resort Transamérica. | Fonte: Studio INO.
Estudo de caso: Edifício residencial City Áuten
Outro exemplo de sucesso na integração entre arquitetura e projetos complementares é o empreendimento City Áuten, da City Soluções Urbanas, localizado em Goiânia/GO. Com uma área total de 27.408,31 m² o projeto destaca-se pelo uso do
BIM (Building Information Modeling) desde as etapas iniciais de desenvolvimento.
A arquitetura foi concebida de forma detalhada e coordenada dentro da plataforma BIM, o que possibilitou uma comunicação clara entre todas as disciplinas envolvidas. Essa abordagem permitiu prever interferências, otimizar o uso de espaços técnicos e garantir a compatibilidade entre sistemas hidráulicos, drenagem e gás combustível que foram realizados pela BFS Engenharia.
O uso do modelo digital contribuiu significativamente para o avanço dos projetos complementares, que puderam ser desenvolvidos com informações precisas, reduzindo retrabalhos e ampliando a eficiência da coordenação técnica. O resultado é um projeto integrado, consistente e alinhado com as melhores práticas de gestão e tecnologia na construção civil, reforçando como o BIM pode transformar a relação entre arquitetura e engenharia em empreendimentos de grande porte.
Tendências do setor: BIM e a arquitetura integrada
Uma das grandes tendências da construção civil é o uso do BIM (Building Information Modeling), que vem transformando a maneira como arquitetura e projetos complementares são concebidos e integrados.
O BIM permite que a arquitetura seja representada em modelos digitais completos, onde cada parede, vão, piso técnico ou elemento da edificação contém informações detalhadas sobre dimensões, materiais e desempenho esperado. Isso gera uma clareza sem precedentes para toda a equipe técnica.
Com a metodologia BIM, os projetistas complementares conseguem:
- Visualizar em 3D a lógica arquitetônica, entendendo melhor a distribuição dos espaços;
- Detectar interferências entre disciplinas ainda na fase de projeto, evitando surpresas no canteiro de obras;
- Simular soluções técnicas antes de serem executadas, garantindo precisão e eficiência;
- Trabalhar de forma integrada, com uma base única de informações, reduzindo erros e retrabalhos.
Essa tecnologia reforça a importância de uma arquitetura bem definida desde o início, potencializando a integração entre arquitetos e projetistas e permitindo obras mais seguras, econômicas e eficientes.
Além do BIM, cresce também a demanda por soluções sustentáveis, como eficiência energética, reaproveitamento de águas pluviais e conforto térmico, que só podem ser plenamente implementadas quando previstas já na concepção dos projetos.
Conclusão
Uma arquitetura bem definida, em conjunto com a engenharia, não é apenas um ponto de partida: é a base sólida sobre a qual se constroem projetos executivos assertivos e eficientes.
A BFS Engenharia, é uma empresa de nível nacional especializada em projetos de instalações, que reforça a importância desse diálogo constante entre arquitetos e engenheiros. É dessa sinergia que surgem empreendimentos mais inteligentes, sustentáveis e de maior valor para empreendedores e usuários.
Conteúdo desenvolvido por Bruna Torquato Estácio, Arquiteta e Urbanista e Vendedora Consultiva na BFS Engenharia.
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