O que é e como funciona o projeto de captação e aproveitamento de águas pluviais
Projeto de captação e utilização de águas pluviais
Veja o conteúdo deste post
- O sistema de captação e utilização pluvial como uma solução para para a escassez hídrica;
- O que é e como funciona um sistema de captação pluvial;
- Benefícios do sistema de captação pluvial;
- Critérios de dimensionamento, normas e regulamentações para o projeto de captação pluvial;
- Estudo de caso na BFS Engenharia;
- Tendências e soluções inovadoras;
- O know-how da BFS Engenharia no desenvolvimento de projetos hidráulicos
Introdução
A escassez hídrica é um dos maiores desafios do século XXI, agravado pelas mudanças climáticas, urbanização acelerada e aumento da demanda por água potável. Nesse contexto, a busca por soluções sustentáveis se torna essencial. A captação e utilização de águas pluviais surge como uma alternativa técnica e ambientalmente eficiente, alinhada às tendências globais de preservação de recursos naturais e sustentabilidade.
O que é e como funciona um sistema de captação pluvial
O sistema de captação de água da chuva consiste no aproveitamento da precipitação que incide sobre superfícies de coleta, como telhados, para posterior armazenamento e uso. Essa prática permite reduzir a dependência do abastecimento público, minimizar o desperdício e aumentar a resiliência hídrica. Ou seja, a capacidade de um sistema hídrico de se adaptar, resistir e se recuperar de uma ocorrência de eventos extremos, como secas, enchentes, desertificação, entre outros.
Imagem: Esquema ilustrativo do funcionamento da captação e armazenamento de água da chuva | Fonte: IPT
O funcionamento de um sistema de captação de águas pluviais envolve diversas etapas interligadas que garantem a coleta, o tratamento e a utilização adequada da água:
1) Captação – A água da chuva é coletada em superfícies impermeáveis, geralmente telhados ou coberturas. Quanto mais limpa e regular a superfície, melhor a qualidade da água coletada.
2) Condução – Por meio de calhas e condutores verticais, a água é direcionada para o sistema de tratamento e armazenamento. Nessa etapa, é importante prever dispositivos que evitem o acúmulo de folhas, galhos e detritos. Normas como a NBR 10844 orientam sobre declividades mínimas (geralmente entre 0,5% e 1%) para garantir o escoamento.
3) Dispositivo de descarte inicial (first flush) – Sistema que descarta os primeiros milímetros da chuva, responsáveis por carregar as maiores impurezas do telhado, garantindo que apenas a água mais limpa siga para o reservatório.
4) Filtragem – A água passa por filtros que retêm partículas sólidas, como poeira, areia e folhas. Em alguns casos, são usados separadores de óleo ou filtros mais sofisticados para usos específicos.
5) Armazenamento
– A água filtrada é direcionada para reservatórios (cisternas), que podem ser subterrâneos, aéreos ou modulares, dimensionados de acordo com a demanda e o regime de chuvas locais. Esses reservatórios devem ser fechados para evitar contaminações e proliferação de insetos. O volume é calculado de acordo com normativas locais ou com critérios da
NBR 15527 pela fórmula:

6) Tratamento complementar – Dependendo do uso, a água pode passar por cloração, radiação UV ou ozonização. A NBR 15527 recomenda que o uso seja restrito a fins não potáveis (descargas, irrigação, lavagem de pisos e veículos). Para usos mais sensíveis, deve haver desinfecção adequada.

Imagem: Tratamento de água de acordo com o uso pretendido | Fonte: NBR 15527
7) Distribuição – Por meio de bombas e tubulações específicas, a água armazenada é direcionada para os pontos de consumo, como bacias sanitárias, torneiras de jardim, sistemas de irrigação e limpeza de áreas comuns. A NBR 5626 exige a separação hidráulica para evitar contaminações.
Esse processo integrado garante que a água captada seja aproveitada de forma segura e eficiente, reduzindo a demanda por água potável em usos não nobres.
Benefícios
A implementação de um sistema de captação de águas pluviais proporciona vantagens que vão além da economia financeira:

Imagem: Sistema de captação de água da chuva | Fonte: Blog Leroy Merlin
- Redução de custos com abastecimento: diminui a dependência da rede pública de água potável.
- Uso racional da água: incentiva práticas de sustentabilidade ao destinar a água captada para usos não potáveis, como irrigação de jardins, lavagem de pisos, descargas sanitárias e limpeza de áreas comuns.
- Alívio da infraestrutura urbana: contribui para reduzir a sobrecarga nos sistemas de drenagem, ajudando a mitigar enchentes e alagamentos em áreas urbanas.
- Preservação ambiental: reduz a exploração dos mananciais e colabora com a conservação dos recursos hídricos, fundamentais para o equilíbrio ecológico.
- Valorização do imóvel: empreendimentos que adotam soluções sustentáveis, como a captação de águas pluviais, ganham diferencial competitivo, maior atratividade no mercado e certificações como LEED, AQUA e Procel Edifica.
- Resiliência hídrica: em períodos de racionamento ou escassez, os reservatórios garantem maior autonomia no abastecimento, trazendo segurança e previsibilidade.
Estudos aplicados mostram que escolas e edifícios comerciais podem
reduzir até 59,6% do consumo de água potável com sistemas bem dimensionados.
Critérios de Dimensionamento, Normas e Regulamentações
O correto dimensionamento do sistema é essencial para garantir eficiência, economia e durabilidade. Para isso, devem ser observados os seguintes pontos:
Critérios Técnicos de Dimensionamento
- Área de captação: quanto maior a superfície do telhado ou cobertura, maior será o volume de água coletado.
- Índices pluviométricos: dependem de dados históricos da região, que devem considerar médias anuais, mensais ou diárias.
- Demanda de uso: deve-se calcular o consumo potencial de água para usos não potáveis, como descargas sanitárias, irrigação e limpeza.
- Capacidade de reservatórios: precisa equilibrar o volume de chuva disponível com o consumo previsto, sem sobredimensionar o sistema.
- Períodos de estiagem: projetar o reservatório de forma que forneça autonomia durante meses de seca (geralmente de 2 a 5 meses em algumas regiões).
- Eficiência do sistema: fatores de perdas como evaporação, infiltração e transbordamento devem ser considerados (em média, 80 a 85%).
Normas Técnicas Relevantes
- NBR 15527: diretrizes para aproveitamento de água da chuva para fins não potáveis, incluindo projeto, execução, manutenção e qualidade da água.
- NBR 10844: trata das instalações prediais de águas pluviais, incluindo condutores verticais, calhas e declividades mínimas.
- NBR 5626: estabelece requisitos para instalações de água fria e quente, com destaque para a necessidade de redes independentes para evitar contaminações.
- NBR 8160: aborda sistemas prediais de esgoto sanitário, complementando critérios de separação entre águas pluviais e esgoto.
Regulamentações Municipais e Selos de Sustentabilidade
- Muitas cidades já exigem, por lei, sistemas de aproveitamento de água de chuva em novas edificações, como por exemplo:

Tabela: cidades e estados com obrigatoriedade ou incentivo legal | Fonte: Autor
- Selos como LEED, AQUA, Procel Edifica e Casa Azul valorizam a adoção do sistema, agregando diferencial competitivo e reconhecendo a economia gerada.
Em resumo, um sistema bem projetado deve aliar critérios técnicos, normativos e legais, garantindo não apenas o retorno financeiro, mas também benefícios ambientais e conformidade regulatória.
Estudo de caso: Cestto Wenceslau do Grupo Zaffari
O Cestto Atacadista é a segunda unidade do Grupo Zaffari, com área total de 20.296,81 m² e assinatura da BFS Engenharia no desenvolvimento dos projetos essenciais, também conhecido como complementares.

Imagem: Fachada do Cestto Wenceslau | Fonte: BFS Engenharia
Esse projeto é um exemplo prático de aproveitamento sustentável das águas pluviais, onde a água proveniente da cobertura é captada e utilizada para o abastecimento das bacias sanitárias e torneiras de jardim.
Para garantir qualidade e evitar problemas de coloração nas peças sanitárias, foi implementado um sistema de cloração e tratamento das vazões captadas. O clorador é um dispositivo que dosa cloro na água, desinfetando-a e eliminando bactérias e vírus, o que previne doenças e assegura condições adequadas para o uso.
Esse exemplo reforça a viabilidade técnica e ambiental da aplicação dos sistemas de captação de águas pluviais em empreendimentos de grande porte.
Estudo de caso: Edifício Resicial Motiró
O Edifício Residencial Motiró é um exemplo de solução sustentável, o edifício possui 31 pavimentos e uma área total de 9.758,86 m²
Imagem 01: Fachada do Edifício Residencial Motiró | Fonte: Construtora e Incorporadora Edificart
Imagem 02: Modelo com instalações hidrossanitárias, incluindo de captação pluvial | Fonte: BFS Engenharia
O emprendimento conta com um reservatório de 2.500 litros para armazenamento de águas pluviais. Esse sistema garante o reúso eficiente da água em diversas aplicações, como:
- Irrigação de jardins;
- Abastecimento das bacias sanitárias das áreas comuns;
- Lavagem de áreas externas e veículos.
Além de reduzir o consumo de água potável, o projeto promove economia operacional, contribui para a sustentabilidade urbana e reforça o compromisso do empreendimento com soluções ambientalmente responsáveis.

Imagem: Modelo em detalhe das instalações de captação pluvial | Fonte: BFS Engenharia
Tendências e Soluções Inovadoras
O setor de captação de águas pluviais tem avançado com a incorporação de novas tecnologias e métodos que aumentam a eficiência, segurança e sustentabilidade dos sistemas:
- Sistemas inteligentes de monitoramento: sensores e softwares integrados que acompanham, em tempo real, o volume de água armazenada, qualidade da água e consumo. Essa tecnologia permite maior controle e uso eficiente do recurso.

Imagem: Esquema de Ligação do Sensor de Fluxo com Arduino | Fonte: Usina Info
- Automação para gestão hídrica: bombas e válvulas controladas automaticamente otimizam a distribuição da água captada conforme a demanda, reduzindo desperdícios e aumentando a confiabilidade do sistema.

Imagem: Esquema de bombas para automação de gestão hídrica | Fonte: Portal Concreto Armado
- Tratamento avançado da água: além da filtragem e cloração, soluções como radiação UV, ozonização e membranas de ultrafiltração estão sendo aplicadas para melhorar a qualidade da água, permitindo usos mais diversificados.
- Integração com reúso de águas cinzas: combinação de sistemas que aproveitam tanto águas pluviais quanto águas residuais tratadas (como de lavatórios e chuveiros), ampliando o potencial de economia e sustentabilidade.
- Edificações inteligentes e certificações verdes: a adoção de sistemas de captação de águas pluviais vem sendo integrada a projetos que buscam certificações ambientais como LEED e AQUA, agregando valor e reconhecimento no mercado imobiliário.

Imagem: Certificações AQUA e LEED. | Fonte: Blog SH
Conclusão
A captação e utilização de águas pluviais é uma solução eficiente frente à escassez hídrica, promovendo benefícios econômicos, ambientais e sociais. Ao adotar esse sistema, empresas e residências colaboram para a preservação dos recursos naturais. A BFS Engenharia reforça sua expertise em projetos hidráulicos, entregando soluções inovadoras e sustentáveis para um futuro mais equilibrado.
A
BFS Engenharia pode ajudar a transformar essa necessidade em realidade, oferecendo consultoria especializada, elaboração de
projetos hidráulicos personalizados e execução de obras sob medida. Com expertise técnica e foco em inovação, a empresa garante eficiência, sustentabilidade e segurança em cada projeto, apoiando clientes na construção de um futuro mais equilibrado.
Conteúdo desenvolvido por Bruna Torquato Estácio, Arquiteta e Urbanista e Vendedora Consultiva na BFS Engenharia.
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